06/10/2020

O chão que pisam

 

Num determinado momento, de tensão e sofrimento, sentada na relva, à espera, esperando, dei por mim a "julgar" os outros, sem julgar e sem o desejar fazer.

À sua passagem, avalio a forma como colocam os pés sobre o chão que pisam.

Quanto dizem, sem saber. Quanto penso perceber, sem ter certezas.

Umas procuram o equilíbrio, em saltos agulha, procurando elegância, deselegantes. 

Outras arrastam os pés, chinelando, pouco se importando com aparências.

Uns procuram apoio num braço de familiar, numa bengala amiga, lentamente, procurando prolongar um tempo que teima em não parar.

Outros avançam confiantes, ligeiros, de "ovinho" na mão, vida nova, esperança, gratidão.

Baixo os olhos. Chega de julgamento.

E, eu como coloco os pés sobre o chão que piso?

Tem dias em que sou leve, ligeira.

Tem dias em que arrasto os pés, seguindo em frente com dificuldade.

Tem momentos em que fico "pregada" ao chão, e, saltos agulha... não.

Os lugares e o sofrimento condicionam a nossa visão e sentimento sobre a realidade.

A realidade muda, evolui a cada instante que passa.

Amanhã serão diferentes os passos de cada um.

O Hospital é um lugar de passagem.