16/10/2015


Um novo amanhecer...


Foto captada na Praia do Camilo - Lagos - Algarve - Portugal
Sem qualquer tipo de filtro - Canon IXUS 160














Afaste a preguiça.


Saia de casa cedo.


Absorva a energia, positiva, de um outro amanhecer.


Onde quer que se encontre, o SOL nasce, todos os dias.


Pode não conseguir descortiná-lo, por entre as nuvens, por entre o nevoeiro, mas ele está lá.


Acredite na sua energia.


Que seja, sempre, um Bom Dia.



13/10/2015


O piano.






Maria segurou, com firmeza, a mão do pequeno Gabriel.
Atravessou a estrada, perigosa, àquela hora da tarde. O menino não estava habituado a tanto movimento.
Quando chegaram ao outro lado, Maria apurou os sentidos, e, murmurou:
- O avô está a tocar piano. Ainda bem, vais ter oportunidade de o ouvir. Há muito tempo que não o fazia...

Gabriel perguntou:
- Está embriagado, mamã?

Maria olhou, para o filho, com admiração espelhada no rosto.
- Acho que não. Porque perguntas?
- Porque o meu irmão diz que o avô só toca quando está embriagado. - respondeu Gabriel fitando a mãe.

- Não sei o que o teu irmão te disse mas o meu pai, em tempos, foi um grande pianista. Foi ele que ensinou o teu irmão a tocar...
- Eu sei. O João deixou de gostar de tocar piano quando viu o avô bater na avó. - respondeu Gabriel começando a chorar.

Maria não queria acreditar no que estava a ouvir. Fantasmas bailaram na sua cabeça. Recordações saltaram da caixa.
Agachou-se. Puxou o filho para junto de si, e, perguntou:
- Queres falar?

- Não é preciso. Só sei que o João veio ter com o avô, ele estava a tocar... mas estava diferente. A avó ofereceu-lhe um chá e ele bateu-lhe na mão. O chá espalhou-se no chão. Ele começou a gritar muito. O João fugiu.

- Mas filho isso pode ter sido só uma pequena zanga. - disse Maria com meiguice.
- Não, mãe. O João não gostou do que viu. Ele ficou muito triste.
Maria, mais uma vez, recolheu as suas lágrimas. Sem quaisquer certezas voltou para trás. Não largou a mão do filho.

Nesse instante compreendeu o filho mais velho. Muito mais proveitoso contratar um professor, e, ter uma conversa, de verdade, sem mentiras.
E, mentalmente, avaliou e confirmou a verdadeira razão pela qual o piano lhe trazia tão más recordações.

Violência doméstica e alcoolismo provocam marcas dolorosas na alma e no coração das pessoas. Transformam coisas agradáveis e bonitas em coisas muito, muito feias.


12/10/2015



Atitudes



Cada vez se ouve, com mais frequência, a expressão:
- Qualquer dia, perco a cabeça e faço uma asneira.
Essa asneira é quase uma ameaça. Geralmente, não se destina à própria pessoa mas sim a uma terceira. Pode ser a interlocutora ou uma outra qualquer. Pode ou não ser culpada.
Preocupante é que, muitas delas, nestes últimos tempos, têm passado da palavra à ação, da ameaça ao acontecimento.
Fazer ouvir a sua palavra à força, com uso de armas e reféns, exigindo e impondo vontades, provocando medo e pânico, põe a descoberto a fragilidade de serviços, entidades e trabalhadores.
As condições de trabalho não foram, nem costumam ser, devidamente avaliadas. Os serviços são colocados onde existe espaço disponível para esse efeito.
As situções acabam por, mais tarde ou mais cedo, cair no esquecimento da população em geral, de quem orienta, de quem comanda mas nunca sairá da memória daqueles que vivenciaram o momento.
Não vamos discutir de que lado está a razão porque isso nem tem discussão.
É muito difícil essa abordagem porque o verdadeiro problema poderá ter surgido na infância do ameaçador, quem sabe?
Tal como num divórcio, quando as coisas acontecem, vamos concordar, a culpa é de ambas as partes.
Vamos pensar, para não culpar ninguém, em particular, que a culpa é da Sociedade, em geral. E, Sociedade somos todos nós.
Embora não existam justificações nem desculpas para determinadas atitudes, o que importa retirar, como ensinamento ou aprendisagem, é que a mente humana está doente, gasta, sem paciência, sem objetivos, sem compreensão, sem respeito...
Quem está do outro lado, do lado dos serviços, do lado das pessoas que se consideram normais, não pode facilitar, não pode demonstar um sentimento errado, não pode demonstrar a sua avaliação pessoal. Está alí para resolver um problema.
Os comentários que se fazem, nem sempre, são abonatórios das pessoas a quem nós chamamos de vítimas. 
Quem acede aos serviços queixa-se de prepotência e má utilização do poder ou dos poderzinhos que lhes são dados.
Existem maneiras e caminhos piores ou melhores de orientar situações complicadas.
A maneira como se fala, como se trata um caso pode ditar a sina de quem está nesse serviço ou a sina de quem o procurou.
Tentemos ser mais humanos. Humanos para o bem.
Deixemos de lado estatísticas, deixemos de lado objetivos quantitativos, em relação a atendimentos, e, passemos a valorizar a solução do problema, sem julgamentos pessoais.
Mudemos atitudes. 
Mudemos orientações, mesmo devagar...