26/09/2015

Atreva-se a dar presentes feitos por si...


Utilize fio nº. 20, brilhante, missangas que dão um certo requinte
 e agulha nº. 1.00-10



Existem mil e uma coisas que pode tentar fazer, croché é uma delas.
Experimente. Inove. Crie. Ofereça um pouco da sua arte.
Este é apenas um exemplo daquilo que poderá fazer. 
Não copie. Inspire-se e dê asas à sua imaginação.
Quem oferece o que faz, dá um pouco da sua alma. Todos irão gostar e guardar com carinho.
Utilize fio nº. 20, brilhante e agulha nº. 1.00-10.
Atreva-se.




Contemple a beleza e o seu dia será perfeito.

23/09/2015


As lavadeiras


Azulejo, lavadeiras nos tanques de São João
Lagos - Algarve - Portugal





Nos dias de hoje é quase impossível compreender que, em tempos mais remotos, existiam mulheres que se dedicavam à lavagem manual, da roupa, de outras pessoas.

As lavadeiras de Lagos, tal como as lavadeiras de outras cidades de Portugal, com mais ou menos população, vindas de povoações vizinhas, recolhiam a roupa das freguesas, de madrugada, e, dirigiam-se para os tanques públicos, rios, riachos ou ribeiros.

Umas deslocavam-se a pé, outras de carroça puxada por animais ou mesmo montadas em burros.
A roupa era acondicionada e transportada em grandes trouxas, devidamente etiquetada com letras, bordados ou sinais para que não se confundissem as freguesas. Não era de bom tom que a família X passasse a dormir nos lençóis da família Z...

Lavavam-na em tanques públicos, em grandes pedras onde esfregavam e batiam, ou em pedregulhos colocadas junto aos rios. Este trabalho podia ser feito em pé ou de joelhos, durante longas e penosas horas, diárias.
Utilizavam sabão azul e branco, faziam sabonárias e barrelas e colocavam a roupa a corar, ao sol, sobre arbustos e ervas que existiam nas redondezas para tirar nódoas e sujidade mais difícil.

Enxaguavam em água corrente, e, quando as peças eram grandes e pesadas juntavam-se duas mulheres, uma em cada ponta, para torcer bem a peça e retirar a maior quantidade de água possível.
Muitas destas mulheres acumulavam este serviço com toda a lida da casa das freguesas, e, da sua própria casa.

Durante esta tarefa alegravam o ambiente com cantigas e mexericos. Sabiam-se as novidades. Descobriam-se alguns segredos. 
O domingo era dia de descanso, o dia sagrado para ir à missa.

Foi o início do conceito de lavandaria...
Atreva-se a descobrir o passado para entender melhor o presente.




22/09/2015


Queijinhos de figo e figos secos





























Desta vez não me dediquei, apenas, à confeção. Acompanhei e participei em todas as etapas que levam ao resultado final.

Em relação à amêndoa, vi desabrochar a flor da amendoeira, vingar e crescer de casca verde, linda e macia. Tornou-se castanha e dura.  Apanhei-a, na altura certa, descasquei, sequei, parti e separei a casca do miolo. Canseira feliz!

Em relação ao figo, vi surgir o primeiro, o segundo, o terceiro e muitos outros, ajudei a apanhá-los depois de bem maduros, em pequenos cestos de vime. Coloquei-os a secar, ao sol quente de verão, em esteiras de canas que se enrolam ao entardecer para os figos não apanharem a brandura da noite, e, são desenroladas, no dia seguinte, quando o sol já aquece. 
Escolhi os melhores e os mais bonitos para fazer estrelas, casamento perfeito entre o figo e a amêndoa. 
Reservei os outros para moer e fazer queijinhos de figo.

Triturei, com máquina artesanal, figos e amêndoas, na proporção adequada, ao meu gosto, 500gr para 300gr, respetivamente.
Fiz, numa caçarola, ao lume, um ponto de açúcar (300gr), água (3 colheres de sopa) e chocolate em pó (2 colheres de sopa). Juntei-lhe os figos e a amêndoa. Adicionei raspa de 1 limão, 1 colher de sopa de erva-doce e 1/2 cálice de medronho caseiro. Deixei apurar até que a massa se despegasse do fundo da caçarola. Retirei do lume e moldei, com as mãos, pequenas bolas. Achatei e dei-lhes forma de pequenos queijos. Decorei com amêndoas em lasca. E, a imagem diz tudo... o sabor, imaginem.

O fim do verão é a altura certa para guardar frutos secos, pensando que pode fazer docinhos diferentes, durante o inverno.
Coma ou ofereça pequenas bolsinhas com figos ou amêndoas, quem receber vai gostar.
Espalme os figos, faça camadas, e, por cada camada espalhe erva doce, em grão. A erva-doce ajuda a conservar.

Guarde em caixas. Caixas de plástico ou de metal adequadas para levar um, dois ou três quilos... não pense em arcas de madeira, destinadas para esse efeito, como faziam os nossos antepassados que levavam o ano inteiro a comer figos torrados com tudo e mais alguma coisa:  sardinhas estibadas com figos torrados, lapas cruas com figos torrados, pão com banha e figos torrados, papas de milho com figos torrados...

Os figos torrados duram muito mais tempo.
Recorde-se do antigamente, histórias contadas pelos mais antigos, figos e amêndoas eram comida de pobre. Hoje, são considerados produtos de luxo e têm preço bastante alto. Por isso, se tiver oportunidade, faça  todo este trabalho, tenha esta canseira feliz.

Tome conta dos seus gostos e dos seus apetites durante todo o ano, de maneira saudável.