23/09/2015


As lavadeiras


Azulejo, lavadeiras nos tanques de São João
Lagos - Algarve - Portugal





Nos dias de hoje é quase impossível compreender que, em tempos mais remotos, existiam mulheres que se dedicavam à lavagem manual, da roupa, de outras pessoas.

As lavadeiras de Lagos, tal como as lavadeiras de outras cidades de Portugal, com mais ou menos população, vindas de povoações vizinhas, recolhiam a roupa das freguesas, de madrugada, e, dirigiam-se para os tanques públicos, rios, riachos ou ribeiros.

Umas deslocavam-se a pé, outras de carroça puxada por animais ou mesmo montadas em burros.
A roupa era acondicionada e transportada em grandes trouxas, devidamente etiquetada com letras, bordados ou sinais para que não se confundissem as freguesas. Não era de bom tom que a família X passasse a dormir nos lençóis da família Z...

Lavavam-na em tanques públicos, em grandes pedras onde esfregavam e batiam, ou em pedregulhos colocadas junto aos rios. Este trabalho podia ser feito em pé ou de joelhos, durante longas e penosas horas, diárias.
Utilizavam sabão azul e branco, faziam sabonárias e barrelas e colocavam a roupa a corar, ao sol, sobre arbustos e ervas que existiam nas redondezas para tirar nódoas e sujidade mais difícil.

Enxaguavam em água corrente, e, quando as peças eram grandes e pesadas juntavam-se duas mulheres, uma em cada ponta, para torcer bem a peça e retirar a maior quantidade de água possível.
Muitas destas mulheres acumulavam este serviço com toda a lida da casa das freguesas, e, da sua própria casa.

Durante esta tarefa alegravam o ambiente com cantigas e mexericos. Sabiam-se as novidades. Descobriam-se alguns segredos. 
O domingo era dia de descanso, o dia sagrado para ir à missa.

Foi o início do conceito de lavandaria...
Atreva-se a descobrir o passado para entender melhor o presente.