04/01/2017



Depois dos noventa, conversa de amigas



- Fiquei à sua espera para ter a certeza que era a senhora, vinha tão depressa que fiquei na dúvida. - disse D. Maria, abrindo a porta e falando para a amiga.

- Ah sim? Então, todos os dias temos que caminhar um bocadinho. - respondeu D. Júlia.
- Já havia um certo tempo que não a via mas parece-me bastante bem. - elogiou D. Maria.

- Sim, sinto-me bem. Fui à casa do meu irmão, fui ver o gato, eles foram para o Lar, na segunda-feira. - esclareceu D. Júlia.
- Ah sim? E eles queriam?

- Então não tinham ninguém que cuidasse deles e com noventa e sete anos... eu também já dei o nome, já tenho noventa e dois e não quero dar trabalho à minha filha.

- Ah mas não há nada como a nossa casinha... - respondeu D. Maria, convencida que, aos noventa e quatro anos, ainda pode ficar por ali, fazendo o seu governo e sem dar preocupações aos familiares.

Que assim seja por muitos e bons anos.