Assim vivo a vida
Saí para a praia.
Vontade de escrever.
- Hoje não é o dia certo para ler. - pensei.
Peguei num bloco e numa caneta.
Juntei as outras coisas e abalei.
Cheguei.
Sacudi os chinelos, cada um para seu lado, em Setembro pode-se, em Agosto não.
Tirei o vestido.
Estendi a toalha.
Peguei no bloco, procurei a caneta. Bloco sim, caneta não.
Entristeci.
Tanto que havia para escrever.
- Que faço?
Contei as ondas, sete grandes, sete pequenas... posso nadar.
Voltei à toalha. O bloco mirou-me. Olhei para ele, pensei:
- Hoje, só posso contar-te segredos, escrever-te não.
Arranquei uma folha.
Pensei fazer um barco, não sei.
Fiz o avião. Imperfeito mas voou.
Assim vivo a vida, adapto-me a ela com o que tenho.
Deixo as tristezas, para depois...