05/08/2015

Sinceridade


Pedro entrou na sala de aula, olhou em redor e procurou uma mesa, junto à janela.
Se fosse necessário saía para a rua, com facilidade, sem chegar à porta.
Sempre muito prático.
Estenderam-se braços, e, ouviram-se gritos:
- Senta-te aqui! Senta-te aqui!
Sentiu-se popular.
 Cresceu mais um centímetro de tanto orgulho, em si próprio.
- Ainda vou ser político. - pensou.
Estudar, não era com ele. Não havia necessidade. Não queria ser doutor ou engenheiro. Queria, apenas, ganhar dinheiro. 
A professora entrou na sala. Os ânimos acalmaram, mas pouco.
- Professora, trouxe os testes? - perguntou uma das "marronas", da turma.
- Claro. - respondeu a professora.
Fez-se silêncio.
O dia de receber um teste era sempre preocupante. A certeza de um resultado, positivo ou negativo, criava sempre uma expetativa assustadora.
O silêncio transformou-se em alvoroço. Todos queriam saber qual tinha sido o melhor teste da turma.
A professora fez a chamada. Marcou presenças e ausências.
Sentou-se e começou no bla-bla-bla que deviam estudar mais, que não iam longe, que para encontrarem emprego tinham que fazer a escolaridade obrigatória...
Os alunos, distantes, pensavam no seu teste, na reprimenda ou na recompensa, dos pais.
Por fim, começou a entrega.
Pedro agitou-se. O teste nunca mais chegava. Ia ter festa, de certeza.
Depois de quase todos os testes entregue, a professora aclarou a voz, e, disse:
- O melhor teste foi o do Pedro.
Todos se voltaram para o colega, incrédulos. Nunca tinha tirado positiva a Matemática...
A professora passou o teste para que todos observassem.
À frente de cada cálculo estava a seguinte anotação:
Resposta copiada pela "fulana de tal".
Sinceridade e honestidade, acima de tudo. Ficou sem a certeza de chegar a político mas tinha sido o melhor.




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